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Cliente Quer, Cliente manda... Será?

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João Cabongo

Software Engineer

22 de dezembro de 2025 5 min de leitura

Você diria ao engenheiro onde colocar as vigas? 🏗️

Imagine a seguinte cena: você acabou de comprar um terreno e contratou um engenheiro civil experiente para projetar a casa dos seus sonhos. Ele apresenta a planta, explica a estrutura e aponta onde ficarão as colunas de sustentação.

Você olha para o projeto e diz: "Sabe o que é? Eu achei essa coluna feia aqui no meio da sala. Tira ela."

O engenheiro, calmamente, responderia: "Se eu tirar essa coluna, o teto desaba e a casa cai."

Você provavelmente aceitaria a explicação dele. Afinal, você contratou um especialista porque ele entende de física, materiais e cálculos estruturais que você não domina. Você não arriscaria a segurança da sua casa por uma preferência estética.

No entanto, no mundo do Desenvolvimento de Software e Web Design, acontece exatamente o oposto todos os dias. E o resultado é o equivalente digital de uma casa prestes a desabar.

O Mito do "Cliente Quer, Cliente Manda"

Reunião tensa com cliente

Reunião tensa com cliente

Existe uma crença perigosa no mercado digital de que, como o cliente está a pagar, ele deve ditar cada detalhe visual do projeto.

Muitas vezes, recebemos solicitações como:

Aumenta o logótipo até ocupar metade da tela. Coloca esse botão em vermelho porque é a minha cor favorita. Enche a página inicial de texto para explicar toda a história da empresa.

Embora a intenção do cliente seja boa (ele quer ver a sua marca brilhar), estas decisões são baseadas quase inteiramente em gosto pessoal. E aqui reside o problema: o seu site não é para você. É para o seu usuário.

Quando impomos o gosto pessoal do dono da empresa sobre as boas práticas de design, criamos um produto que afaga o ego do proprietário, mas falha na sua única missão real: vender e comunicar.

Design é Engenharia Visual (UX), não Decoração

Wireframing e análise de UX

Wireframing e análise de UX

É crucial entender a diferença entre "fazer algo bonito" e "fazer algo funcionar".

O Design de Interface (UI) e a Experiência do Usuário (UX) não são disciplinas artísticas subjetivas. São ciências comportamentais aplicadas. Um designer profissional não "chuta" onde colocar um menu; ele decide com base em:

Padrões de Leitura: Sabemos que os olhos humanos percorrem sites em padrões específicos (como o padrão em "F" ou em "Z"). Colocar elementos fora destes caminhos torna a informação invisível.

Carga Cognitiva: Se você pedir para adicionar "mais informações", pode estar a sobrecarregar o cérebro do usuário, fazendo-o desistir da compra por confusão.

Lei de Fitts: O tamanho e a distância de um botão influenciam diretamente a facilidade de clicar nele (especialmente em telemóveis).

Acessibilidade: Cores que você acha "bonitas" podem ter contraste insuficiente, tornando o site ilegível para pessoas com dificuldades visuais ou em telas sob luz solar direta.

Tal como as vigas de uma casa, estes elementos de UX são a estrutura que segura a "venda". Se você os remove por estética, a conversão "cai".

Dados vs. Opinião: Quem ganha?

Análise de dados dashboard

Análise de dados dashboard

Numa reunião de projeto, a opinião da pessoa mais bem paga na sala (o cliente) tende a vencer. Mas no mundo digital, a única opinião que realmente importa é a dos dados.

Empresas como a Amazon, Google ou Netflix não mudam o design porque o CEO "enjoou" da cor azul. Elas mudam baseadas em testes A/B, mapas de calor (heatmaps) e análises de tráfego.

Se o designer sugere que o botão deve ser laranja e estar no canto direito, não é um palpite. É uma estratégia baseada em convenções da web que o seu usuário já conhece e espera encontrar. Quebrar essa convenção para "inovar" ou para "ficar mais bonito" geralmente resulta em frustração para quem navega.

O Melhor Investimento é a Confiança

Se você contratou um profissional ou uma agência para desenvolver o seu software ou site, você investiu na expertise deles.

Isso não significa que você não possa dar feedback. O seu conhecimento sobre o seu negócio é vital. No entanto, o feedback deve ser focado no problema de negócio ("Precisamos de mais vendas neste produto"), e não na solução de design ("Coloca este botão em roxo").

Deixe o especialista encontrar a solução visual para o problema de negócio.

Conclusão

Voltando à analogia da casa: você prefere uma casa que seja linda por fora mas que tenha rachaduras na estrutura, ou uma casa sólida, segura e funcional?

No digital, a escolha é: você quer um site "bonito" para você, ou um site que funciona para o seu cliente?

Da próxima vez que sentir vontade de pedir uma alteração baseada apenas no seu gosto pessoal, lembre-se do engenheiro e das vigas. Confie nos dados, confie na UX e deixe o seu site trabalhar por si.

Quer implementar esta abordagem no seu site?

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